sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Transmigração Progressiva

O espiritismo nos esclarece que a nossa evolução é um processo constante, tende ao infinito enquanto seres que nascem simples e ignorantes e buscam a perfeição da luz. Não seríamos espíritas de verdade se achássemos que já nascemos "perfeitos" e que, por uma ação direta de Deus, nos transformaremos em anjos da noite para o dia. Todos nós, sem exceção, estamos sujeitos à lei do progresso. Ninguém é privilegiado nas leis de Deus. Assim, não existem os espíritos criados superiores aos demais. Todos nós somos criados simples e ignorantes, galgando degrau por degrau de nossa escalada evolutiva de acordo com nossas obras, através das reencarnações, conforme nos antecipou Jesus: "A cada um segundo suas obras". Não somos, pois, criados perfeitos, mas sim perfectíveis, ou seja, com toda as possibilidades de alcançarmos a perfeição por nossos próprios esforços, o que justifica a nossa vida física. No princípio de nossa existência, somos espíritos imaturos, assim como a criança o é na infância, agindo mais por um instinto natural e só pouco a pouco tendo a inteligência desenvolvida, assumindo consciência das coisas, pelo contato com as experiências que provocam a evolução. Por isso a reencarnação é uma justiça. Kardec nos aconselha mesmo a comparar a vida espiritual com a vida material, para nosso melhor entendimento. Infância, adolescência, idade adulta, maturidade... Diz-nos ele, porém, que a vida espiritual não tem decrepitude e nem retrocesso como a material. O espírito avança sempre, ainda que devagar, de forma definitiva para o progresso integral. Tal resultado nós só alcançamos ao longo das existências, pois este é o caminho natural das existências. Como nos lembra Herculano Pires: "o espírito avança de reencarnação em reencarnação em busca da sabedoria". E a natureza não dá saltos. Por isso é impossível que alcancemos o progresso efetivo em apenas uma reencarnação, mesmo que façamos tudo muito certo, porque, segundo os espíritos, existem qualidades que precisamos conquistar que nem sequer somos capazes de compreender... A praticidade de tais ensinos está também no fato de que podemos nos prevenir de existências dolorosas, de provações difíceis, desde que invistamos no nosso progresso espiritual, fazendo o que Jesus nos aconselhou a fazer. Eis que o Mestre não veio nos ensinar mais uma religião: veio nos trazer uma conduta de vida, um código capaz de, se seguido, nos conduzir à evolução integral e, conseqüentemente, à felicidade. Temos a tendência de pensar que os selvagens estão em sua primeira reencarnação ou em seu estado de infância. Os espíritos nos ensinam que isso nem sempre é verdade, visto que eles já demonstram paixões, o que curiosamente já significa desenvolvimento, embora não signifique progresso. E nos esclarecem: as paixões "são sinal de atividade e consciência própria, enquanto na alma primitiva a inteligência e a vida estão em estado de germes." Dessa maneira, percebemos que o espiritismo, que é o cristianismo trazido de volta em sua pureza originária, nos desperta a consciência, amadurece-nos, permitindo-nos deixar de viver por viver, para passar a existir consciencialmente. "Somos artífices do nosso futuro", alerta-nos Kardec. Passamos, então, a pensar em nossos atos, melhorando-nos a cada dia para que a nossa reencarnação seja produtiva no campo do bem, impulsionando-nos ao progresso. Sabendo que, como espíritos não retrocedemos, nós ficamos estimulados a essa melhoria íntima, pois todo o nosso esforço é computado na contabilidade espiritual, todas as nossas dores também, assim como ampliamos nossas perspectivas de aprendizado e aprimoramento. Somos espíritos, meus queridos amigos! Espíritos vestindo corpos físicos que nos são condizentes com as necessidades evolutivas. Que bem o saibamos usar. Que bem saibamos aproveitar o tempo e a oportunidade da vida física, para que sejamos cada vez mais felizes e consigamos vivenciar a paz que o Cristo nos trouxe e nos deu! Independentemente das reencarnações voluntárias ou não, o nosso único corpo eterno permanece íntegro e perfeito, apesar das diferentes apresentações (desdobramentos) neste mundo aparente tridimensional. Por isso todos nós somos um e o mesmo na essência, independente da aparência. Na verdade, esta única origem espiritual e eterna em forma de corpo imortal, se desdobra em infinitas pessoas. É preciso descobrir nossa verdadeira identidade espiritual, o Ser (Eu Sou).

Um comentário:

  1. Sua conclusão foi realmente sábia:"É preciso descobrir nossa verdadeira identidade espiritual, o Ser (Eu Sou)". Abraços, Raimundo.

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